Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil
Declaração Doutrinária das Sagradas Escrituras
Prefácio - As confissões doutrinárias da Reforma, tais como a de Westminster (1647), de Savoy (1658) e a confissão Batista de Londres (1689) afirmam, com relação às Escrituras, que: "O Antigo Testamento em hebraico (que, nos tempos antigos, foi a língua materna do povo de Deus) e o Novo Testamento em grego (que, no tempo em que foi escrito, era a língua mais conhecida entre as nações), sendo imediatamente inspirados por Deus e por seu singular cuidado e providência, mantiveram-se puros em todas as eras e, portanto, autênticos... (CFW 1:8)". A Sociedade concorda integralmente com esse pensamento, crendo que isto resume, com precisão, a seguinte doutrina:
1. Somente as Sagradas Escrituras, auto-interpretantes, são competentes para definirem-se a si próprias. O testemunho das Escrituras sobre si mesmas pode ser resumido brevemente nas seguintes proposições:
(1). A Bíblia é a revelação escrita de Deus para a humanidade (Êxodo 24.3,4; Salmo 119.140; Mateus 4.4).
(2). Através do processo de interpretação (que significa ser "soprado por Deus"), um poder sobrenatural foi exercido pelo Espírito Santo sobre certos homens escolhidos, governando-os e dirigindo-os para escreverem as próprias Palavras de Deus, sem qualquer contaminação de erro (1 Coríntios 2.13, 2 Timóteo 3.16,17; 2 Pedro 1.21). Isso não significa negar que cada um dos escritores bíblicos tivesse um estilo e vocabulário próprios , mas significa afirmar que a superintendência divina era de tal forma que o produto final (sendo de inspiração verbal e plena) foi a própria Palavra de Deus e, como tal, a verdade pura e absoluta (Romanos 3.2; 1 Coríntios 14.37).
(3). O poder sobrenatural envolvido no processo de inspiração e o resultado dessa inspiração foram exercidos somente na produção original dos sessenta e seis livros canônicos da Bíblia (2 Pedro 1:20, 21; 2 Pedro 3.15, 16).
(4). Em conformidade com os propósitos de Deus, com Suas promessas e sob Seu comando, cópias fiéis e precisas foram feitas (Deuteronômio 17.18, Provérbios 25.1); e, através do cuidado providencial de Deus, Sua Palavra foi preservada em todas as gerações (Salmo 119.15, Mateus 5.18, 24.35; Lucas 16.17; 1 Pedro 1.25). O povo que se denomina povo de Deus, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, foi indicado como guardião de Sua Palavra (Salmo 147.19, 20; Romanos 3.2; Colossenses 4.16 e 1 Tessalonicenses 5.27).
(5). O Senhor Jesus Cristo e Seus apóstolos receberam o texto do Antigo Testamento, preservado no hebraico comum, como as Escrituras (Lucas 4.16, 19, 21; 2 Timóteo 3.16). Isso serve como nosso modelo para aceitarmos o histórico Texto Recebido (Textus Receptus) do Novo Testamento em grego também como as Escrituras (1 Timóteo 5.1; Lucas 10.7; 2 Pedro 3.15,16).
(6). Estes textos das Escrituras (Nota 1), refletem as qualidades das Escrituras sopradas por Deus, incluindo a autenticidade, a santidade, a pureza, a verdade, a infalibilidade, a confiabilidade, a excelência, a auto-autenticidade,a necessidade, a suficiência, a perspicácia, a auto-interpretação, a autoridade e a inerrância (Salmo 19. 7,9; Salmo 119). Conseqüentemente, devem ser recebidas como a Palavra de Deus (Esdras 7.14; Neemias 8.8, Daniel 9.2; 2 Pedro 1.19), e a leitura correta em qualquer ponto deve ser procurada dentro destes textos (Nota 2).
(7). Da mesma forma, as traduções das línguas originais devem ser consideradas como a Palavra de Deus escrita, à medida que sejam traduções precisas de acordo com a forma e o conteúdo dos Originais. Atos 8.32, 33; 15.14,18; Romanos 15.8,12, contêm citações do Antigo Testamento traduzidas para o grego e, ainda assim, são consideradas como tendo o status de Palavra de Deus pelo Espírito Santo, conforme indicado pelo uso das expressões "Escrituras" e "está escrito". As variações encontradas nestas e em outras citações no Novo Testamento têm uma garantia divina (Nota 3). Para se alcançar a necessária precisão na tradução, o método a ser seguido deve ser o da equivalência formal ao invés da equivalência dinâmica. A tradução deve refletir tanto a forma quanto o conteúdo dos Originais, sendo o mais literal possível e apenas tão livre quanto necessário; isto é, ao traduzir as palavras deve-se seguir o conteúdo proposicional e a organização textual dos Originais, da melhor forma possível, libertando-se da invenção humana, da adição ou subtração textual, a não ser quando necessária.
Nota 1. A Sociedade Bíblica Trinitariana mantém que o verdadeiro texto providencialmente preservado como autêntico é o encontrado no Texto Massorético, em hebraico, e no Texto Recebido (Textus Receptus), em grego. Assim fazendo, ela segue a histórica posição Protestante ortodoxa, reconhecendo como as Sagradas Escrituras os textos hebraico e grego consistemente acessíveis e preservados em meio ao povo de Deus de todas as idades. Esses textos têm permanecido em uso comum em diferentes partes do mundo, por mais de quinze séculos, e representam fielmente os textos usados nos tempos do novo Testamento.
Nota 2. Erros, omissões e adições em manuscritos particulares não incidem sobre a quantidade das Escrituras, incluindo o fato da inerrância, porque os erros de fato não fazem parte das Escrituras inerrantes.
Nota 3. As traduções feitas desde os tempos do Novo Testamento usam palavras escolhidas por homens não-inspirados para traduzirem as palavras de Deus. Por essa razão, nenhuma tradução da Palavra de Deus terá o status de ser final e definitiva. O apelo final deverá sempre ser em direção às línguas originais dos textos originais (hebraico e grego) (como definido na nota 1).
2. Como já foi afirmado acima, o Senhor Jesus endossou o padrão e a preservação do Antigo Testamento, em Seus dias, como "a Escritura" (Lucas 4.17, 21), considerando-a como confiável em cada palavra em particular e incapaz de ser "rompida" ("desligado" ou "desatada") porque é pura, não corrompida e, portanto, absolutamente confiável (João 10.34-36). Historicamente, por muitos séculos, a Igreja, de forma acertada e necessária, considerou os manuscritos reconhecidos do Antigo Testamento hebraico e do Novo Testamento grego como a palavra verbalmente inspirada de Deus, escrita, e completa nos sessenta e seis livros canônicos.
3. A constituição da Trinitarian Bible Society (Sociedade Bíblica Trinitariana) especifica as famílias textuais que serão empregadas nas traduções que circula. O Texto Massorético no hebraico (Nota 1) e o Textus Receptus no grego (Nota 2) são os textos que a constituição da Trinitarian Bible Society (Sociedade Bíblica Trinitariana) reconhece como sendo preservados pela providência especial de Deus dentro do judaísmo e do cristianismo. Portanto, estes textos são definitivos e o ponto final de referência de todo o trabalho da Sociedade.
Nota 1. A sociedade aceita como a melhor edição do texto hebraico Massorético aquele preparado em 1524-25 por Jacob ben Chayyim e conhecido, por causa de seu editor David Bomberg, como o texto de Bomberg. Esse é o texto base do Antigo Testamento na Versão Autorizada em inglês.
Nota 2. O Textus Receptus grego é o nome de um grupo de textos impressos, o primeiro dos quais foi publicado por Desidério Erasmo, em 1516. A Sociedade utiliza para a finalidade de tradução o texto reconstruído por F.H.A. Scrivener, em 1894.
4. Como o escopo da Constituição da Sociedade não considera as variações menores entre as edições impressas do Textus Receptus, isso necessariamente exclui a Sociedade de empenhar-se em alterar ou corrigir o Texto Massorético em hebraico e o Textus Receptus em grego com base em outros textos hebraicos ou gregos. A política editorial e a prática deverão observar esses parâmetros.
5. Com relação à "promoção e edição de novas traduções e a seleção de versões em línguas estrangeiras" a Constituição da Sociedade afirma: "O objetivo deverá ser o de produzir ou selecionar versões cuja base textual estiver o mais próximo possível do Texto Massorético em hebraico e do Textus Receptus em grego, que são as bases da Versão Autorizada em inglês e das traduções de padrão comparável em outras línguas européias do tempo da Reforma Protestante." A política editorial e a prática deverão buscar esse objetivo.
Aprovado pelo Comitê Geral
em sua reunião acontecida no dia 17 de janeiro de 2005,
revisado em 25 de fevereiro, 2005
e inclui emendas aprovadas pelo Comitê Geral
em sua reunião de 21 de Novembro de 2005.
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