Crianças nas redes sociais: perigo para toda a família
Por
Redação em
07.01.2013 14h00 - atualizado em 07.01.2013 14h27
Uma lei federal americana destinada a proteger a privacidade de
crianças nas redes sociais pode, inconsequentemente, levá-las a revelar
muito sobre suas vidas no Facebook. Um novo estudo mostra exemplos do
quanto é difícil regular as vidas digitais de menores na web. Saiu no
jornal americano The New York Times.
O
Facebook proíbe crianças menores de 13 anos de fazerem parte da rede,
devido ao Ato de Proteção de Privacidade de Crianças Online, ou Coppa,
que requer que empresas web exijam o consentimento dos pais que desejam
permitir que crianças abaixo da idade estipulada criem uma conta ou
façam parte de uma rede social. Para contornar a proibição, as crianças
geralmente mentem suas idades - e os pais, algumas vezes, as ajudam a
mentir, mas ficam de olho no que elas postam, tornando-se seus amigos no
Facebook.
De acordo com dados do Consumer Reports, existem mais de cinco milhões de crianças abaixo de 13 anos no Facebook.
Deixar
crianças controlando seus perfis na rede social pode trazer algumas
consequências indesejáveis. O estudo, conduzido por cientistas da
computação do Instituto Politécnico da Universidade de Nova York,
encontrou em uma determinada escola uma pequena porção de estudantes que
mentem suas idades só para conseguir criar uma conta no Facebook. O
problema é que uma simples mentira pode ajudar completos estranhos a
coletar dados importantes sobre a vida de um jovem e de seus colegas,
colocando a privacidade de todos eles em risco.
O estudo também
ilustra o paradoxo entre as leis de proteção a crianças e o que de fato
acontece. Os achados mostram que os pais destas crianças se preocupam
com sua privacidade e segurança, mas parecem não entender a gravidade
dos riscos a que seus filhos e colegas de classe podem ser submetidos.
O
Facebook afirma, há muito tempo, que é difícil descobrir cada
adolescente que mente sua idade, mas tenta proteger a privacidade de
menores: quem tiver de 13 a 18 anos na rede, terá, automaticamente, suas
fotos e atualizações de status liberadas apenas para amigos. No
entanto, este sistema pode ser facilmente burlado se a criança se fizer
passar por um adulto de 20 anos, por exemplo.
O professor de
ciências da computação Keith W. Ross é um dos autores do estudo e
explica que pessoas mal intencionadas podem associar sobrenomes de
crianças aos de seus pais, descobrindo dados como endereço e telefone. E
diz que a lei Coppa, embora tente proteger essas crianças, acaba
servindo de incentivo para que elas mintam suas idades, o que torna o
controle nas redes sociais ainda mais difícil.
"Em um mundo sem a
lei Coppa, a maioria dos garotos e garotas seria honesta ao criar
contas. Eles seriam então tratados como menores, até completarem 18
anos", ressalta o professor. "Mostramos que no mundo sem Coppa, a pessoa
mal intencionada encontraria bem menos jovens estudantes, e aqueles que
encontrasse teriam pouquíssimas informações a exibir".
O modo
como as crianças se comportam online é um dos assuntos que mais
aborrecem os pais. Algumas pesquisas independentes mostram que os pais
se preocupam com o que seus filhos escrevem na rede e como isso poderia
prejudicá-los no futuro. Um estudo recente realizado pelo Pew Internet Center mostrou
que a maioria dos pais, além de se preocupar, tentava ajudar seus
filhos a a gerenciar o conteúdo de suas informações digitais. E metade
dos pais já conversou com os filhos a respeito de algo que postaram na
rede.
Ainda segundo o estudo do professor Ross, os adolescentes
parecem ser mais preocupados com sua privacidade que as crianças. Eles
controlam com mais afinco quem é que vê suas informações na rede e dão
mais atenção a medidas de segurança.
Já um outro estudo realizado pelo Family Online Safety Institute
indicou que quatro em cada cinco adolescentes já ajustaram suas
configurações de privacidade em suas contas na web, incluindo a do
Facebook. Dois terços restringiram acesso a suas fotos e postagens na
rede.